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As inspirações nas Pinturas Simbolistas

As inspirações nas Pinturas Simbolistas
07 set 2018

CAPA BRAZILUSA SOUTH FLORIDA 36Nas artes plásticas, o Simbolismo foi um dos principais precursores do Expressionismo e do Surrealismo. Considerado o pintor do Simbolismo e “Art Nouveau” na Áustria, Gustav Klimt, segundo os pesquisadores de sua obra, foi influenciado pela filosofia de Schopenhauer e Nietzche, em relação ao enigma da existência humana. Ele transportava estas ideias filosóficas em seus quadros e acabava provocando um escândalo, somadas à nudez das suas personagens.
Klimt utilizou-se das curvas femininas e do olhar evocativo das mulheres, sempre colocadas como figuras centrais, como verdadeiras armadilhas de sedução para o observador. A nudez é sempre crua, e as mulheres não são objetos passíveis para o prazer; e o nu frontal, mostrando até mesmo os pelos pubianos, rompeu totalmente com o conservadorismo tanto da sociedade quanto das artes.
A obra de Klimt possui um equilíbrio e um diálogo único entre o refinamento sensível e decorativo e a morbidez de suas figuras. Os ornamentos aparentam ser simbólicos em diversos momentos, criando ritmos nos elementos de cinzas e pérolas pálidos e dourado e prata vívidos. A ornamentação foi o caminho escolhido pelo artista para criar uma atmosfera de sonho, onde as figuras não estão ligadas a nenhum tempo ou local, repletas de alegorias que estimulam a imaginação.
Gustav Klimt viveu em Viena em um momento de efervescência. Durante o século XIX, a cidade se urbanizou; novas ideias a invadiam e atraiam intelectuais de diversas localidades. Um cenário intenso que permitiu muitas alterações no conhecimento científico, na sociedade e na arte. Antes de Klimt, a pintura praticada na cidade era provinciana e a maioria das obras eram retratos da elite vienense. O artista traz uma percepção do espírito humano, um estilo pictórico e decorativo, que vai influenciar o art nouveau. Suas obras são caracterizadas como pertencendo ao simbolismo, mas dialogam com a arte japonesa e africana, o que resultou em uma pintura peculiar e muito própria.
Este ano comemoram-se 150 anos do nascimento de Klimt (1862-1918), um dos grandes artistas europeus e um dos percursores da vanguarda vienense. Sua vida foi tão intensa quanto sua obra, e em ambas a paixão pelas mulheres – em seu intimo e despidas de vestes e valores morais – foi seu guia. Nuas, vestidas, deitadas, em movimento ou em momentos íntimos – poucos artistas estiveram tão envolvidos com o universo feminino.
A linguagem visual de Klimt vai buscar nos símbolos, no imaginário freudiano dos sonhos, nos mitos e nas deusas da mitologia grega, a sua grande inspiração. A mulher e o nu feminino são os dois temas mais recorrentes, com predileção por um tipo de mulher mais agressiva e dominante ao estilo “femme fatale”.
A primeira super-mulher a servir de arquétipo e de aparecer na galeria de Klimt, armada e triunfante, é Palas Atenas, a deusa grega da sabedoria e da justiça que os artistas da Secessão de Viena tomaram como símbolo.
Um exemplo do simbolismo na pintura de Klimt é o tema de Danaë, explorado e reproduzido entre muitos artistas desde a era clássica. Essa personagem foi utilizada como um símbolo de perfeição do amor divino e transcendência. Danaë foi, segundo a mitologia grega, uma princesa presa em uma torre por seu pai, Rei de Argos.
Interpreta-se este mito como sendo a chuva a fertilizar o solo com suas gotas douradas. Dânae significaria, assim, a terra ávida pela umidade, que apenas Zeus poderia fecundar, e ele, tomado de amores pela jovem e bela princesa, transmuta-se numa chuva de ouro, e penetra na torre por um orifício no teto deste, caíndo sobre o colo de Danaë, engravidando-a. Nessa bela interpretação de Klimt, ela está enrolada a um véu púrpura o qual faz referência à sua linhagem imperial.
Klimt sentia-se atraído pela mitologia, principalmente pelas sereias – que eram vistas pelo artista como um símbolo ambíguo da feminilidade e perversidade da mulher.
Suas sereias são mulheres de extrema sensualidade, com seus corpos nus de formas sinuosas como se acompanhassem o movimento da água. Um verdadeiro simbolismo erótico.

Clara Piquet

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