VOCÊ SABE O QUE É CONCUSSÃO CEREBRAL?
13 set 2018
O tema vem sendo discutido no mundo dos esportes.
A temporada do Futebol Americano está para começar e mais uma vez o tema da “Concussão” volta às páginas dos jornais. Mudanças vem sendo feitas nas regras para tentar cada vez mais proteger os jogadores, e há novos modelos de capacetes sendo desenvolvidos com o mesmo propósito.
As evidências científicas mostram que existe uma relação entre o traumatismo craniano repetido e o aparecimento de alterações de comportamento e evolução para a demência precoce.
O assunto rendeu um filme de Hollywood que trouxe para o grande público a luta de um médico pioneiro nessa descoberta, o responsável pelo diagnóstico do que passou a se chamar de Encefalopatia Traumática Crônica. A partir daí, depois de uma luta prolongada com a NFL, que gerencia a parte profissional desse esportes, as mudanças começaram a acontecer.
E também começaram a serem estudadas as consequências do trauma repetido em outros esportes, entre eles o boxe e as lutas marciais foram estudados com as repercussões esperadas, confirmando as descobertas que surgiram nos jogadores de futebol americano.
Agora o nosso futebol, aqui chamado de Soccer também está sob investigação. A cabeçada é um fundamento básico do esporte e inclui o que pode ser um impacto considerável, quando uma bola de futebol profissional, viajando a uma velocidade alta, encontra a cabeça de um jogador que ainda faz força no sentido contrário, para impulsionar a bola, aumentando a energia desse impacto.
Especialistas do Albert Einstein College of Medicine comprovaram que as cabeçadas têm um efeito comprometedor sobre o funcionamento do cérebro.
Foram estudados mais de trezentos jogadores amadores de futebol na cidade de Nova Iorque, que preencheram questionários sobre os jogos em que participaram, quantas cabeçadas na bola e quantos choques eventuais com outros jogadores aconteciam. Além disso, respondiam a testes neurológicos que avaliavam a capacidade psicomotora e atenção.
Os registros mostraram que em 2 semanas, os jogadores, em média, cabeceavam a bola 45 vezes no período estudado e pelo menos um terço dos jogadores relatavam um choque acidental com a cabeça nesses jogos.
Os jogadores tinham entre 18 e 55 anos de idade e quase 805 deles eram homens.
Aqueles jogadores que relatavam mais cabeçadas eram os que apresentavam resultados piores em testes psicomotores e de atenção, que são produtos de áreas do cérebro comumente afetadas por lesões cerebrais traumáticas.
As alterações não se traduziam por um déficit clínico de função cerebral, mas chama atenção para a necessidade de estudar se acontecem micro- lesões cerebrais, que podem ter consequências no futuro.
No Brasil temos a história de Bellini, capitão da equipe brasileira que ganhou a Copa do Mundo de 1958. Seis meses após sua morte, um laudo revelou que a causa não foi o que se imaginava inicialmente e confirmou uma desconfiança da família. Tratado durante 18 anos como se tivesse “Mal de Alzheimer”, o ex-jogador tinha, na verdade, Encefalopatia Traumática Crônica (ETC).
Todas essas descobertas trazem a necessidade de se estabelecerem protocolos de longo prazo dos jogadores de futebol, e que a prevenção comece cedo, já na formação dos jogadores. Inclusive já existe uma proposta de as crianças não aprendam ou treinem cabeçadas, até o fim da adolescência.
Esporte é vida! Então, que haja sempre a preocupação de manter a vida dos praticantes, sejam eles amadores ou profissionais, em perfeito estado.
Dr. Luís Fernando Correia