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Ser arquiteto nos Estados Unidos

Ser arquiteto nos Estados Unidos
30 set 2018

CAPA BRAZILUSA SUNCOAST 46Como validar seu diploma de arquitetura e urbanismo nos Estados Unidos

Com a crise econômica no Brasil, ter um emprego na sua área de formação e trabalhar com o que gosta é visto por muitos como uma grande sorte. E quando isso é possível, a pessoa tem uma vida estável e não tem o porquê pensar em se mudar, certo? Até o bichinho do intercambio te picar.
A arquiteta Eliane Garbero compartilhou como foi sua experiência de validar o seu diploma de arquitetura e urbanismo nos Estados Unidos, e deixa algumas dicas para outros profissionais da área que também gostariam de aprimorar seus estudos no país.
Em 2015 ela começou a procurar a possibilidade de validar seu diploma em solo americano, em blogs e websites de instituições de conselho de classe de arquitetura no Brasil e nos Estados Unidos. Com as informações, entendeu que a validação nos Estados Unidos acontece em âmbito estadual, onde cada estado determina os requerimentos, além do básico: graduação de bacharelado, horas de estágio e a prova da licença. Tudo muito diferente do Brasil, que ao se formar o arquiteto encaminha o diploma para o CAU, e em pouco tempo recebe sua carteira de classe e a permissão para assinar projetos de arquitetura.
Em 2016 iniciou a validação atraarquiteturavés do EESA-NAAB (Education Evaluation Services for Architecture – National Architectural Accrediting Board), enviando o conteúdo programático dos 5 anos de faculdade, juntamente com o diploma e histórico de notas, tudo devidamente traduzido por um tradutor juramentado. Após a análise do NCARB (National Council of Architectural Board Registration), recebeu um relatório informando que deveria suprir 2 deficiências para que seu diploma fosse similar à de uma pessoa com curso de bacharelado completo nos Estados Unidos.
“A primeira, 3 créditos de Leis e Regulamentações da Prática Profissional da Arquitetura, completei em um curso online de 5 meses na Lawrence Technological University. A cada semana nos eram dados textos para ler, entre eles contratos de arquitetura elaborados pelo AIA (American Institute of Architects). A segunda, 3 créditos de Inglês, que pude optar por fazer uma prova (CLEP Modular Essay) em vez de outros 5 meses de curso, o que me permitiu ganhar tempo e economizar dinheiro”, explicou a arquiteta.
Com toda documentação aceita, foi necessário passar por 6 provas, que abrangem toda a área de atuação do profissional de arquitetura (Practice Management, Project Management, Programming & Analysis, Project Planning & Design, Project Development & Documentation, Construction & Evaluation). Essas provas têm o custo de aproximadamente $240,00 cada. A partir do momento que passa na primeira prova, o arquiteto tem o tempo de 5 anos para concluir os testes, após esse período, precisará refazer as provas que expiraram.
“Há também as 3740 horas de trabalho supervisionado por um arquiteto licenciado. Eu já tinha 10 anos de experiência no Brasil, isso não valeriam nada? Valem sim. O NCARB permite que o profissional compute 50% dessas horas, desde que validadas por um arquiteto com licença neste outro país. Então ter a bagagem profissional que eu tinha na época, me ajudou a economizar 1 ano de estágio. O estágio é superimportante, pois os materiais e sistemas construtivos são diferentes dos que comumente usamos no Brasil, então fazer o estágio por mais um ano, me permitiria aprender sobre isso, para passar nos testes e também para saber trabalhar por aqui”.
A arquiteta explica que hoje, dois anos depois do início do processo de validação, algumas coisas mudaram e se tornaram mais fáceis para os estrangeiros profissionais de arquitetura. Para a validação do diploma hoje, você deve criar sua conta no NCARB, acessar o seu registro no CAU e cadastrar um protocolo de assuntos internacionais dirigido ao NCARB; desta forma, o conselho de classe brasileiro informará ao conselho de classe americano que você tem a graduação de arquitetura. O NCARB ainda poderá exigir cursos complementares para suprir deficiências, mas a economia financeira de não precisar traduzir todo o conteúdo programático de 5 anos de curso vale muito a pena.
“O setor da construção civil nos Estados Unidos está superaquecido, e portanto bem fácil de conseguir colocação no mercado de trabalho, e sites como o do AIA exibem diversos anúncios de empresas que buscam profissionais qualificados. Importante frisar que o fato de validar o diploma não dá autorização de trabalho, sabendo disso, apliquei para um curso de mestrado, que além de ser uma atualização profissional valorosa, me possibilitou conseguir a permissão de trabalho de meio período (visto CPT) em escritórios de arquitetura, e após a formação, trabalho em período integral por um ano (visto OPT)”, conclui a arquiteta.
Se você está pensando em trilhar este caminho, seguem abaixo links que serão úteis: www.ncarb.org e www.aia.org.

Eliane Garbero

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