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Sarampo? Por que falar disso?

Sarampo? Por que falar disso?
04 maio 2018

Capa Brazilusa Orlando edição 88 capaO sarampo, doença que pode ser prevenida com uma vacina, preocupa as autoridades norte-americanas, embora tenha sido declarada erradicada no país desde 2000.
Os Estados Unidos enfrentam surtos repetidos e localizados que vem piorando a cada ano, e desde 2010 a soma de novos casos já chega a 1.618, incluídos os 34 registrados até 30 de Março deste ano.
Em 2015, um caso típico começou em um parque temático na Califórnia, com um turista infectado, e que se espalhou para sete estados, com 125 pessoas contaminadas e confirmadas. Tudo a partir de um visitante, entre 24 milhões de pessoas que frequentam esse parque todos os anos.
No mundo, um dos polos de preocupação é a Europa, onde uma epidemia que já dura algum tempo não cede, com dezenas de milhares de novos casos todos os anos.
Os países mais duramente atingidos em 2017 foram a Romênia, Itália, Alemanha e Grécia. Foram contabilizados mais de 21.315 mil casos, sendo que em 2016 foram registrados 5.273.
Um aspecto pouco lembrado do sarampo são as mortes causadas por essa doença, que é por muitos considerada benigna, mas que matou pelo menos 35 pessoas nos 30 países da Europa que reportaram a presença do vírus.
Mas como uma doença que pode ser prevenida com uma vacina e já considerada erradicada em países como o Brasil e Estados Unidos reapareceu dessa forma e em uma região desenvolvida do globo?
Apesar da vacina ser eficiente, segura e disponível, os casos acontecem por causa de pessoas que viajam sem estarem protegidas e fazem o vírus circular. E quando encontram grupos, que por sua vez também resolvem, por razões religiosas ou por pura ignorância, não se vacinar, os surtos vão acontecendo.
Uma constatação é que os pais não estão levando seus filhos para tomarem a vacina, ou se os levam para a primeira dose, muitos não comparecem para o reforço previsto e necessário.
Na Inglaterra, 92% comparecem para receber a primeira dose. Esse número cai para 80% para a segunda dose. A cobertura vacinal ideal deve estar acima de 95%.
Esse é o efeito combinado de uma geração de pais que recebeu informações equivocadas sobre uma possível ligação entre a vacina e o autismo, ligação esta desmentida até pelo cientista que publicou o alerta há mais de 10 anos, com dados forjados. Esse pesquisador perdeu sua licença médica e caiu em descrédito.
Além disso, esses pais, na sua maioria vacinados, não lembram mais do sarampo e se tornam presa fácil de charlatões e “profetas do apocalipse”, que fazem campanha de forma irresponsável contra as vacinas.
O que deve ser levado em conta é que o sarampo pode levar a quadros neurológicos graves.
O Brasil, que recebeu em 2016 o título de país livre do sarampo, infelizmente já registrou, em 2018, pelo menos 3 casos da doença em Roraima, de crianças vindas da Venezuela.
Dados do Ministério da Saúde, mostram que apenas um estado brasileiro – o Ceará – registrou cobertura vacinal dentro da meta no ano passado (98%). Em todas as outras unidades da federação, a taxa é inferior a 95%, chegando a apenas 51% no Maranhão e no Rio Grande do Norte, estados com as menores coberturas vacinais. Na média do país, apenas 68% do público-alvo tomaram as duas doses da tríplice viral no ano passado.
Então, devemos reforçar o alerta para que os pais de crianças que irão viajar para o exterior, especialmente para Europa e para a Ásia, verifiquem a caderneta de vacinação de seus filhos e, em caso de dúvida, procurem as unidades de saúde.

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