Febra Amarela e Febre Amarela Urbana. E agora?
30 jan 2018
O atual surto de Febre amarela, já é o maior da história do Brasil, desde a metade do século 20, tendo começado em outubro de 2016 e preocupa a comunidade que vive nos Estados Unidos. O Ministério da Saúde, no boletim de 24 de janeiro, contabiliza desde 1o de Julho de 2017 até Janeiro de 2018, 130 casos de Febre Amarela, com 53 mortes. As notificações de casos suspeitos chegaram a 601.
A Febre Amarela é uma doença causada por um vírus, do gênero Flavivirus e causa febre, dor de cabeça, náuseas, dores no corpo, icterícia (quando a pele e os olhos ficam amarelão) e nos casos mais graves hemorragias (gengivas, nariz, estômago, intestino e urina). Febre Amarela Silvestre A doença tem dois ciclos bem definidos: o Ciclo Silvestre onde o vírus circula entre os macacos e é transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que vivem nas copas (parte mais alta) das árvores, onde se circulam os macacos. A infecção humana nessa situação acontece quando alguém entra no habitat dos macacos e mosquitos sem estar protegido pela vacina da Febre Amarela.
Febre Amarela Urbana: A maior preocupação das autoridades é o possível retorno da Febre Amarela Urbana, nas cidades a doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a Dengue, Zika e Chikungunya. O último caso de Febre Amarela Urbana foi registrado no Acre, em 1942. Como temos a presença disseminada do Aedes aegypti nas regiões metropolitanas e na maioria das cidades do país esse risco passa a ser real. O surto atual de Febre Amarela acontece por causa de alguns fatores, a cobertura vacinal, ou seja o número de pessoas vacinadas nas regiões de fronteira com a matas onde circulam o vírus e macacos protegidas pela vacina, diminui nos últimos anos permitindo que novas infecções acontecessem.
A vacina é uma vacina de vírus vivo atenuado e protege contra a doença de forma efetiva. Como se trata de uma vacina feita com vírus vivo alguns cuidados devem ser seguidos na sua utilização. Como é produzida em ovos, as pessoas alérgicas a ovo e seus produtos não podem receber essa vacina. A vacina é aplicada habitualmente em crianças maiores de 9 meses a adultos com até 59 anos de idade. Pessoas que tem doenças que diminuam a imunidade, além de gestantes e mães que estão amamentando devem ser vacinadas somente quando seu risco de contrair a doença for maior do que o risco de complicações na utilização da vacina.
Até o ano de 2014 a vacina da Febre Amarela era aplicada em doses que deveriam ser repetidas a cada dez anos. A Organização Mundial da Saúde após rever vários estudos, determinou que a partir desse ano não era mais necessária a revacinação. Portanto quem já recebeu a vacina da Febre Amarela em algum momento da vida, já está protegido contra a doença. A Campanha de 2018 e a DOSE FRACIONADA.
Em Janeiro de 2018 o Ministério da Saúde anunciou uma nova estratégia para barrar o avanço da Febre Amarela no país. Setenta e cinco municípios dos estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro começarão uma campanha que utilizará de forma inédita no Brasil o fracionamento da dose da vacina de Febre Amarela. A campanha em São Paulo e Rio de Janeiro começa já em Janeiro (25/01) e em Fevereiro na Bahia, atingindo basicamente as Regiões Metropolitanas das capitais desses estados. A dose Fracionada nada mais é o do que a divisão da dose padrão da vacina que tem 0,5 ml em 5 doses de 0,1ml. Essa divisão permitirá a vacinação de um grupo muito maior de pessoas em pouco espaço de tempo. A segurança dessa estratégia está garantida por uma pesquisa feita pela FioCruz que realizou uma pesquisa em 2009 e conseguiu demostrar que após 8 anos, a aplicação dessa dose menor garante a proteção contra a doença.
Por Dr. Luis Fernando Correia
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Dr. Luís Fernando Correia Clínico e Comentarista de Saúde
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