Dr. Carlos Gadia é referência em espectro autista na Flórida
02 nov 2018
Um dos maiores especialistas em autismo da Flórida é brasileiro. Radicado nos Estados Unidos há mais de 30 anos, o neurologista porto-alegrense Carlos Gadia é referência nesse transtorno de alta complexidade que afeta a interação social e a comunicação. Quer saber qual o segredo do sucesso deste brasileiro? Simples. Ele sempre diz aos residentes e alunos que o mais importante é realmente ouvir o que os pais têm a contar. “Eles, quase sempre, estão com a razão a respeito das suas preocupações”.
Dr. Gadia ajudou a fundar a ONGs sobre Autismo e realizou alguns dos eventos mais importantes sobre Autismo no Brasil, como o TEABRAÇO, em Ribeirão Preto (SP), e o RIO TEAMA, no Museu do Amanhã (RJ). Tudo isso mesmo estando há mais de três décadas morando nos Estados Unidos. “Me sinto realizado também por poder ajudar a comunidade autista no Brasil a melhorar a qualidade de vida de seus filhos com TEA, a obter mais conhecimento e a combater o preconceito”.
Para o especialista, os maiores limitadores do desenvolvimento de novos tratamentos é a complexidade de um transtorno que envolve a conectividade cerebral como um todo e não “apenas” uma área do cérebro. Apesar de todos os avanços relacionados ao espectro, como o reconhecimento de red flags pelos profissionais de saúde primária, o especialista destaca que algumas coisas ainda precisam ser feitas.
“Fazer com que as terapias que tem suporte científico, como terapia Comportamental (tais como ABA, Applied Behavior Analysis) e terapia fonoaudiológica, entre outras, estejam a disposição para um número cada vez maior de pessoas que as necessitam, seja através de planos de seguro privados ou através de planos públicos, como o Medicaid”, conta. Ele acredita que o futuro para o diagnóstico do autismo é o desenvolvimento de técnicas que permitam um diagnóstico cada vez mais precoce de fatores de risco.
Dr. Gadia destaca os sinais que os pais precisam estar atentos, como, particularmente, a ausência de balbuciar e a falta de gestos aos 12 meses de idade; a ausência das primeiras palavras aos 16 meses; a ausência de combinações de 2 palavras espontaneamente aos 24 meses; e a qualquer perda de linguagem ou de habilidades sociais em qualquer idade. Além disso, ele informa que o tende a chamar, primeiramente, a atenção dos pais é o atraso na fala e o pouco contato visual da criança.
Carlos Gadia se formou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1980 e um ano depois desembarcou em Miami, onde fez sua residência em Neurologia Pediátrica na University of Miami School of Medicine no período, entre 1982 e 1987. Obteve sua especialização em Epilepsia Infantil e Neurofisiologia Clínica no Boston Children’s Hospital, onde foi Instrutor de Ensino da Harvard Medical School entre 1987 e 1988.
Dr. Gadia conta que nos Estados Unidos também foi difícil superar os obstáculos. Lembra que durante muito tempo a falta de conhecimento impedia o diagnóstico precoce, o que é essencial para o melhor desenvolvimento da criança autista. Muito da transformação aqui, diz ele, se deve a pessoas como Dan Marino, que dá o nome do centro onde o neuropediatra brasileiro é diretor associado, um centro de referência para a avaliação e tratamento de autismo e outras desordens de neurodesenvolvimento.
Dan Marino foi um grande jogador de futebol americano da história. Um de seus filhos, foi diagnosticado com autismo com 2 anos e a família decidiu agir rapidamente. Não só começou um tratamento completo, como também percebeu que precisava mudar a sociedade para que a inclusão de crianças acontecesse. Marino usou o seu prestigio e fortuna para divulgar a causa: abriu o centro médico com capital inicial próprio e, com todo orgulho de pai, apresentou o filho para o mundo num comercial pago durante o Super Bowl, um dos mais caros minutos da televisão americana.