Chegou a hora de tirar a fralda? – Suncoast

27 jan 2018

Fique atento, retirar de forma inadequada a fralda pode ter consequências negativas.

O desfralde, a retirada de fraldas da criança, é um importante momento do desenvolvimento de qualquer um: a partir dali o indivíduo passa a ser responsável por algo extremamente íntimo, seu controle de evacuação e urina. Esse marco não tem idade precisa, mas temos faixas etárias para as quais normalmente são esperadas tais mudanças. Isso ocorre porque é uma fase crítica do desenvolvimento, exigindo maturidade física e emocional da criança e também de seus responsáveis, uma vez que depende de intenso comprometimento familiar com a situação. A retirada das fraldas de forma inadequada pode ter consequências negativas, por exemplo: constipação intestinal, disfunção miccional, infecção urinária recorrente, conflitos familiares e repercussões sociais.

 

Um fato que comumente ocorre nessa época diz respeito ao não completo entendimento dos pais da situação: eles orientam a escola e se esforçam em casa para que a criança aprenda a solicitar as idas ao banheiro, ter as fraldas retiradas e assim ter controle sobre a musculatura que controla os hábitos fisiológicos. Contudo, se quando os pais forem sair com a criança, eles colocam novamente as fraldas, a criança fica num conflito para entender quando ela poderá ou não fazer suas necessidades (uma vez que ora está com fralda e ora não). Essa situação é ainda agravada quando os pais chamam atenção da criança quando ela urina ou evacua na roupa/cama. Esse reforço negativo não acelera o entendimento da criança quanto a retirada de fraldas, pelo contrário, ela pode passar a entender que urinar ou defecar é algo negativo, atrelado a repreensão ou castigo. Logo, sempre que ela tiver vontades fisiológicas, ela tentará reter, segurar, podendo propiciar casos de constipação intestinal e/ou infecção urinária.

 

O desfralde deve ser progressivo e definitivo, e precisa ser discutido em família para que todos colaborem na educação da criança. Para isso é necessário principalmente paciência. Os pais precisam perceber sinais de amadurecimento fisiológico, intelectual e social da criança, como:

– Aumento do intervalo com a fralda seca para pelo menos 1h30-2h;

– Fralda seca durante o sono da tarde;

– Evacuações regulares e previsíveis;

– Reconhecimento pela criança da fralda molhada e com fezes;

– Consciência de que a micção e evacuação estão ocorrendo;

– Comunicação sobre a necessidade de usar o banheiro;

– Interesse em ver os irmãos/pais usando o banheiro e querer imitá-los;

– Compreender e responder perguntas simples.

 

E os pais devem manifestar vínculos positivos ao acerto, às solicitações de idas ao banheiro, por exemplo, com elogios para que a criança entenda o valor do acerto.

 

A retirada da fralda diurna geralmente ocorre seis a doze meses antes do desfralde noturno, e o melhor parâmetro para esse novo passo é a criança, tendo urinado antes de dormir, acordar com as fraldas secas. E, nessa etapa, se ocorrerem escapes noturnos, novamente não fazer vínculos negativos. Uma sugestão é, no caso de ter que lavar o colchão, solicitar que a criança o ajude, e durante o processo, esclarecer o motivo daquela higienização.

 

Caso a criança esteja apresentando dificuldade ou complicações do desfralde, deve-se sempre agendar consulta com o pediatra para maiores investigações e orientações. Essa etapa de amadurecimento é muito rica para a criança e para os pais, apresentando seus desafios naturais, e por isso deve ser encarada com conhecimento da maturidade da criança, comprometimento e dedicação familiar para se alcançar o sucesso com o menor transtorno possível.

 

Katerin Demozzi – Médica