Aplicativo Livox dá voz e autonomia para pessoas com deficiências
07 set 2018
Para dar uma melhor qualidade de vida e estimular o potencial de sua filha, Clara, 10, com paralisia cerebral, o pernambucano Carlos Pereira, 39, desenvolveu uma tecnologia que já ajudou mais de 25 mil pessoas com deficiência a se comunicarem em sete países: Brasil, Estados Unidos, Jordânia, Egito, Peru, Argentina e Arábia Saudita.
Isso porque o aplicativo Livox consegue atender diferentes deficiências e doenças, como autismo, ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) e sequelas de AVC (Acidente Vascular Cerebral), com potencial de impactar 15 milhões de brasileiros com dificuldades de fala.
Tudo começou com um erro médico que deixou Clara sem oxigênio no momento do parto. “Com isso ela ficou com sequelas que levaram a uma Paralisia Cerebral. Ela tem a inteligência normal mas está presa a um corpo que não obedece seus comandos e por conta disso não anda e não fala”.
Desde o momento em que ficou sabendo o que aconteceu com a pequena, Carlos decidiu fazer todo o possível para ajudá-la. “Ela foi a primeira brasileira a fazer um tratamento com células tronco graças a uma campanha para arrecadar fundos que fizemos na internet, abri uma clínica de fisioterapia no Recife (cidade natal) com a ajuda de investidores estrangeiros e em seguida criei o Livox, que é o software que tem sido usado por milhares de pessoas com deficiência”.
Carlos conta que fica muito feliz em saber que o aplicativo tem ajudado positivamente tantas famílias. “Isso me lembra muito o impacto que o Livox causa no dia a dia da minha filha. Saber o que se passa na cabeça dela é maravilhoso!”.
A ferramenta cujo nome vem do latim e significa liberdade e voz facilitou a vida de muitas famílias que, assim como a do empreendedor social, precisavam se valer de volumosos fichários e cartões de comunicação alternativa para inserir crianças e adultos com deficiência no mundo.
O Livox é um software para tablets Android que permite que pessoas com deficiência que não se comunicam oralmente possam se comunicar. Além disso, ele pode ser usado na educação básica de pessoas com deficiência ou pessoas com dificuldade de aprendizagem. O Livox se adapta de acordo com a deficiência do usuário. “Nós temos algoritmos para deficiências motoras, cognitivas e visuais. Ou seja, independentemente se a pessoa com deficiência consegue tocar na tela do tablet ou não, se ela tem alguma deficiência visual ou não, todos conseguem usar o Livox”, informou Carlos.
Novos avanços estão prometidos para o app. De dois anos pra cá, Carlos e sua equipe começaram a apostar pesado em Inteligência Artificial e Processamento Natural de Linguagem graças a um aporte do Google. “Essas novas tecnologias que criamos permitem que as pessoas com deficiência que usam o Livox possam iniciar conversas ou responder perguntas até vinte vezes mais rápido do que tecnologias tradicionais. Vamos continuar apostando nisso para que pessoas com deficiência possam se comunicar melhor e mais rápido. Ao mesmo tempo gostaríamos de contar com a ajuda da sociedade civil, parceiros, etc para que o software possa chegar nas mãos de quem realmente mais precisa”.