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90% das cirurgias de retirada das amígdalas são desnecessárias

90% das cirurgias de retirada das amígdalas são desnecessárias
16 dez 2018

CAPA BRAZILUSA SOUTH FLORIDA 38A cirurgia de retirada das amígdalas é um dos procedimentos mais realizados em todo o mundo, especialmente em crianças e adolescentes. No entanto, de acordo com um recente estudo, 9 em cada 10 operações para remoção das amígdalas das crianças podem ser desnecessárias.
Para pesquisa, especialistas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, analisaram um banco de dados com registros médicos de todo o Reino Unido entre 2005 e 2016 a respeito de pessoas com até 15 anos. No total, foram considerados dados de mais de 1,6 milhão de pacientes.
As principais indicações para cirurgia de retirada das amígdalas são: uma condição rara chamada PFAPA (que inclui não só inflamação nas amígdalas, mas também febre periódica, estomatite aftosa, faringite e adenite cervical) ou um padrão de episódios graves e frequentes de dores na garganta por causa das amígdalas.
Contudo, a equipe descobriu que poucos dos casos analisados tiveram evidências claras de que a operação era necessária. Os resultados da investigação mostraram que apenas 11% das crianças apresentavam os sintomas realmente necessários para realizar a cirurgia de retirada das amígdalas.
Outra pesquisa realizada de forma colaborativa no programa de Medicina Evolucionária de Copenhagen, que uniu as universidades de Copenhagen (Dinamarca), Melbourne (Austrália) e Yale (Estados Unidos), mostrou que a retirada das amígdalas podem aumentar o risco de infecções respiratórias, como laringite, faringite e DPOC.
Para isso, eles analisaram os dados de 1,18 milhão de pessoas nascidas entre 1979 e 1999, vendo os primeiros 10 anos até 30 anos de vida. Nessa base, 17 mil crianças fizeram cirurgia de adenoide, quase 12 mil fizeram cirurgia de amígdalas e mais de 31 mil retiraram ambas as estruturas. Nenhum deles tinha outras condições de saúde antes da cirurgia.
Ao analisarem os dados de saúde dessas crianças, eles perceberam que:
-Remover as amígdalas estava ligada ao um risco quase três vezes maior para doenças no trato respiratório superior (que inclui nariz, seios nasais, laringe e faringe) quando comparadas com pessoas que não fizeram essa cirurgia;
-Em adição, percebeu-se que para cada 5 pessoas que retiravam as amígdalas, um caso extra de doenças respiratória era detectado;
-A retirada da adenoide mais que dobrou o risco relativo de DPOC e quase dobrou também o risco de conjuntivite e infecções do trato respiratório superior.
Os cientistas também perceberam o impacto das cirurgias nas doenças que elas se propõe a tratar:
-A retirada da adenoide reduziu significativamente o risco de distúrbios do sono;
-Todas as cirurgias diminuíram de forma significativa o risco de amigdalite crônica e aguda;
-No entanto, não houve redução na respiração anormal até os 30 anos , nem redução do risco de sinusite.
Também houve um aumento no risco de otite média (inflamação no ouvido) e sinusite nos casos em que as adenoides e amígdalas foram retiradas juntas.
A conclusão dos especialistas é que os benefícios à curto prazo desses procedimentos podem não continuar após os 30 anos de idade. Mas ainda assim, casos de infecção severa nessas regiões ainda justificam a cirurgia.
Para quem não sabe, as amígdalas são uma espécie de gânglios linfáticos localizados na parte lateral da garganta e na parte de trás da boca, as quais ajudam a manter bactérias e outros germes longe de locais em que possam causar infecções. Na infância, quando o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento, esse órgão é essencial no combate de doenças.

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