OS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
20 jan 2020
Sigmund Freud, pai da psicanálise, dividiu a personalidade em três instancias diferentes: Id, Ego e Superego. Ego é a parte de nossa personalidade que intermedia entre nossos desejos primitivos pela busca do prazer (ID) e as leis e valores, éticos e morais ,internalizados pelo superego. Para entender melhor podemos exemplificar assim: o ID como instancia primitiva de desejos, almeja tirar umas férias de trinta dias na Europa, afinal” eu” mereço, “eu” trabalho muito. Entretanto, o superego “sensato” logo intervém e calcula quanto vai custar a satisfação deste desejo e dá a triste notícia “não será possível, temos contas a pagar, temos isso e aquilo, enfim, não vai dar”. O Ego, como mediador, entra em cena e propõe dez dias de férias na praia e apazigua a situação. Chegamos a um acordo interno que ameniza o sofrimento decorrente de um embate entre a busca do prazer e os valores éticos e morais internalizados.
Na maioria das vezes adotamos comportamentos e atitudes que são externadas num momento em que não damos conta de resolver algum conflito interno. São os chamados mecanismos de defesa do Ego. Podemos inferir que o Ego sofre para intermediar nossas pulsões, ao tentar equilibrar nossos desejos de maneira que estes não estejam em desacordo com nossos valores e realidade. Não sendo possível, adotamos os chamados mecanismos de defesa que representam nossa busca em evitar o sofrimento e o desprazer. Simplesmente lidamos com a situação adotando estes mecanismos que foram por Freud e outros estudiosos classificados como repressão, negação, racionalização, formação reativa, isolamento, projeção, regressão e sublimação.
Nesta oportunidade, vamos dar ênfase, sem, entretanto, nos aprofundarmos, a apenas um deles que quase sempre nos confundem e inconscientemente nos levam a achar que a culpa é sempre do outro. Sim, estamos falando da projeção. Projetamos no outro aquilo que sentimos mas só percebemos nas atitudes e comportamentos dos outros e isso nos incomoda, irrita .Nos incomoda porque não admitimos que a ideia ou comportamento que enxergamos no outro são temidos e estão dentro de nós .Um fato comum por exemplo e quando dizemos que “fulano, sem qualquer razão, não gosta de mim” , quando na realidade sou “eu” quem não gosta do fulano, sem qualquer razão aparente.
A projeção pode ser positiva e negativa depende do que vai dentro de cada um. As pessoas sãs nossos espelhos, através delas conseguimos nos ver. O que nos incomoda tanto nelas está dentro de nós mesmos. Precisamos refletir quando nos deparamos com uma situação de projeção.
O problema não é projetar, na verdade, fazemos isso frequentemente. O problema é quando ocorre um sentimento ruim e colocamos no outro a responsabilidade e expectativas e não assumimos que há dentro de nos uma parte que está descontente e está refletindo no outro. Estar ciente disso nos ajuda a mudar. Quando jogamos a culpa no outro fugimos da responsabilidade de mudar. Aceitar e confrontar os próprios sentimentos é um grande começo para que a mudança comece dentro de cada um.
“…E como podes dizer a teu irmão: Permite-me remover o cisco do teu olho, quando há uma viga no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho de teu irmão.”
Mateus 7: 4-5