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SEMENTES QUE GERMINAM

SEMENTES QUE GERMINAM
07 nov 2018

“Seus descendentes serão poderosos na terra, serão uma geração abençoada, de homens íntegros.”Salmos 112:2

Quando eu e meu marido decidimos trocar a casa por um veleiro, para sair pelo mundo ajudando povos que vivem isolados em ilhas e vilarejos, pensei que seria tudo uma festa. Mas quando chegamos ao barco pela primeira vez e começamos a nos acomodar, arrumar os alimentos, produtos de limpeza, bagagem e doações que havíamos conseguido, percebi que não seria tão fácil assim.

Agora, imagine fazer isso com um bebê de 4 meses a bordo, é incrível a logística e o nível de planejamento para executar algo dessa amplitude, desde tarefas básicas como lavar a louça após as refeições, comer sua quantidade exata de comida para não faltar para o outro e trocar fraldas com o barco balançando.

Todos os dias preparávamos café da manhã, almoço e jantar, e até cozinhamos feijão. Isso mesmo! O feijãozinho não podia faltar.

Uma receita fácil para as travessias era risoto, pois é feito em uma única panela e podia ser servido bem quentinho, principalmente nas noites frias em alto mar. Era risoto de legumes, de queijo e de tomate.

As frutas nós sempre comprávamos em cada cidade onde atracávamos, em quantidades certas e já dividíamos entre a equipe. Sem espaço, não dava para estocar. Então, quando um resolvia comer sua quantidade num só dia, ficava sem depois. Daí começava a barganha, um querendo trocar uma maça por mexerica, outro por banana… Dá para imaginar, não é?

Na organização e limpeza, fomos aprendendo conforme as experiências. Na primeira longa travessia, que foi do Espírito Santo a Bahia, foi um desastre total, pois tínhamos feito feijão e o que sobrou guardamos a panela na geleira (pois ainda não tínhamos geladeira a bordo). Adivinha… Com as enormes ondas, a tampa da panela abriu e o feijão banhou tudo que estava ali dentro, fazendo a maior sujeira. Não conseguíamos nem entrar no salão interno do barco! O péssimo cheiro se alastrou rapidinho! Todos os mantimentos caíram.

Nosso primeiro filho já estava com 4 anos já tendo navegado toda a costa brasileira, aí chegou nosso segundo filho, dois anos depois nosso terceiro. E aprendemos juntos com eles a dar mais valor às pequenas coisas que temos, principalmente pela convivência com povos que passam por tantas necessidades e ainda assim conseguem ser gratos a Deus e muitas vezes mais do que nós. Porém de uma coisa não temos dúvida de que por maior que seja seu esforço, vale a pena plantar sementes no coração de nossos filhos pois o fruto colhido será uma geração poderosa, abençoada e de mulheres e homens íntegros nessa terra.

Daniela Nunciaroni

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